Empreendedor

Comunicação, Tecnologia e Inovação

quinta-feira, março 15, 2007

Inovação tecnológica, um axioma no cotidiano atual

Venho refletindo e debatendo com diversos empresários já há algum tempo sobre a influência da tecnologia na inovação. O quão importante é a utilização da tecnologia para poder inovar, seja com novos produtos, modificações em produtos já existentes, novas estratégias empresariais ou táticas de marketing. Partindo da premissa de que toda a empresa que deseja inovar precisa estar ciente da necessidade de se utilizar um meio tecnológico como propulsor de tal mudança, as pessoas precisam encarar a tecnologia como um aliado aos negócios.

Atualmente, a tecnologia da informação está enraizada em praticamente todos os segmentos do mercado, modificando definitivamente a maneira com que as pessoas interagem e as empresas fazem negócios. É instigante imaginar, por exemplo, que o principal mercado concorrente das empresas de aviação é a indústria de telecomunicações, com suas ferramentas de vídeo-conferência e VOIP, já que muitos executivos deixam de viajar pela comodidade que este recurso proporciona. Ainda podemos citar a Internet com suas ferramentas de RSS, blogs, Orkut e My Space. E todos esses aplicativos inovadores ilustram como a tecnologia vem sendo crucial no mundo dos negócios.

Esta revolução cultural que está emergindo em todos os continentes, atesta o quanto o fator tecnológico está presente, e cada vez mais, na vida pessoal e profissional de cada indivíduo. No Brasil, já existem mais telefones celulares do que aparelhos fixos, e essa estatística inexistia há 5 anos. Isso demonstra a rapidez que a inovação tecnológica tem em se sobrepujar aos meios tradicionais.

Informações sobre a inserção tecnológica no mundo dos negócios ratificam que os gestores devem priorizar a adequação de suas estratégias empresariais ao mundo interligado, interdependente e globalizado em que vivemos. Cada vez mais, novos softwares e hardwares destroem criativamente o formato dos negócios, obrigando todos os competidores da indústria a se adaptarem à nova forma de lidar com as mudanças.

Dentro deste cenário, inovações tecnológicas devem ser muito bem vindas. Todos os mecanismos que promoverem mudanças significativas de maneira benéfica ao core business da empresa, devem ser encarados como elementos essenciais a serem incorporados à rotina da organização a fim de promover um choque de criatividade no que tange todos os processos no ambiente corporativo. Neste sentido, vejo a evolução da gestão como capital para a promoção de novos patamares de negócio e a inovação é definitivamente a chave para tal mudança.

* Empresário, Diretor de Planejamento da Fajers e Conselheiro de Políticas Públicas de Juventude do RS

Felipe Silveira Ramos
Englishvox Ensino de Idiomas S/A

Conhecimento epistemológico, fator vital para a administração de micro-empresas

Sempre fui um grande admirador do espírito empreendedor do brasileiro. Sobressai à minha percepção um desejo intrínseco de significativa parcela dos trabalhadores em abandonar a vida de assalariado e se tornar dono do seu próprio negócio. Mesmo que não se saiba ao certo que segmento aderir, por onde e como começar, trata-se de uma questão de autonomia, que no fundo, seria uma pseudo-liberdade. E dados revelam que estes micro e pequenos empresários compõem mais de 90% das organizações no país. Praticamente todos os dias, passo em frente a micro-empresas, todas com apenas alguns funcionários, ou até mesmo nenhum, e com imensas dificuldades em honrar seus custos fixos no final de cada mês. E o que mais me impressiona é que na maioria dos casos, são pessoas que não cursaram o ensino superior, muitas vezes sequer o ensino fundamental, e consequentemente não possuem um conhecimento epistemológico para gerir uma empresa, mas ainda assim sonham em “abrir o próprio negócio”.


Mesmo sem estudos específicos em áreas da administração, vitais para a condução de uma empresa, como finanças, recursos humanos e marketing, uma grande parcela dos micro-empresários conduz seus negócios com uma maestria simétrica, incluindo na “gestão”, elementos empíricos como o de gerenciamento das relações com clientes. Entende-se por isso os famosos cases de CRM que aludem à questão do atendimento personalizado (1-to-1), fator este crucial no ambiente do micro-negócio. Ancorados na premissa da intuição e de seus históricos como empreendedores, os micro-empresários muitas vezes, considerando o cenário empresarial não favorável, são a exceção com suas maneiras genuínas de se conduzir negócios.


Contudo, feeling não garante um resultado operacional positivo. E neste sentido, critico duramente os órgãos estatais brasileiros responsáveis pelo empreendedorismo por sua atitude omissa frente às micro-empresas. O cidadão sem qualificação técnica acaba tendo enormes dificuldades em abrir um negócio. Não me refiro somente aos desafios financeiros, mas também com relação à obtenção de conhecimentos administrativos para o ideal funcionamento de um empreendimento. Os órgãos qualificados para tal função não foram criados para auxiliar este tipo de empreendedor, ou se foram, não demonstram através de suas políticas, real interesse neste porte de empresário. E isso vai desde o acesso a informações até as tarifas cobradas para serviços de consultoria na abertura e na condução de empresas, o que torna as entidades estatais de fomento ao empreendedorismo, inacessíveis para a maioria das pessoas que desejam abrir o seu negócio.


Desta forma, é mister atentar para a atual conjuntura, observando todos os elementos que englobam o meio empreendedor, uma vez que, os micro e pequenos empresários representam 20% do PIB brasileiro. Hoje há no país, 3.8 milhões de empresas nestes segmentos, o que reforça ainda mais a necessidade de se incluir políticas que facilitem o desenvolvimento de micro-negócios, proporcionando assim menos intuição e mais embasamento epistemológico aos seus administradores.


Felipe Silveira Ramos
Englishvox Ensino de Idiomas S/A

Alavancagem financeira em start-ups

Empreender vem sendo uma atividade cada vez mais constante no país. Entretanto, um dos grandes desafios destes empreendedores é com relação a angariação de fundos para conceder sustentabilidade ao negócio e uma conseqüente alavancagem financeira. Neste artigo, falarei sobre uma alternativa que vem sendo adotada com maior freqüência no Brasil, no sentido de se buscar aportes de capital para novas empresas.

Uma breve análise do mercado financeiro no país constata que praticamente inexistem entidades privadas de fomento ao empreendedorismo que invistam significativamente em empresas iniciantes, conhecidas como start-ups. O investimento em start-ups é muito comum em países desenvolvidos, principalmente no mercado norte-americano. A Sequoia Capital, empresa americana de investimento especializada em aportar capital em novas empresas com grande potencial de alavancagem de negócios, e tendo em seu histórico investimentos realizados em duas start-ups que hoje são símbolos do feroz capitalismo norte-americano (Google e You-tube), é prova factual de que este tipo de negócio é muito benéfico para mercado como um todo, pois ao analisar uma genuína oportunidade de negócio, o fundo aporta, de acordo com um detalhado plano de negócios, uma quantia monetária a fim possibilitar que a empresa tenha uma alavancagem em suas atividades e ofereça aos seus investidores, um retorno no investimento atraente.

Em se tratando de Brasil, a dificuldade de se obter injeção de capital quando o destino do aporte são empresas iniciantes, faz com que os nossos empreendedores busquem formas “caseiras” de subsidiar os seus negócios. A procura por pessoas físicas, denominadas business angels, provenientes quase que na maioria das vezes da rede de relacionamento dos empreendedores, é uma alternativa inteligente adotada por uma grande parcela dos empresários quando necessitam de capital para alavancar os seus negócios. A busca de angels dá-se, primeiramente, por uma análise da rede de relacionamento dos empresários. Pais, primos, tios, amigos, parentes de amigos dentre outros “parentescos” são alvos potenciais. Desta forma, através de um estudo dos contatos diretos e indiretos de cada empreendedor, pode-se elencar quais indivíduos possuem perfil agressivo (que tenham interesse por investimentos de risco) e disponibilidade financeira para tornar-se sócio no negócio.

O segundo passo para a busca de investimentos é o desenvolvimento de um plano de negócios, ou business plan, que deve ser desenvolvido por um consultor de empresas especializado. Este plano é a ferramenta apropriada para apresentar aos investidores potenciais as projeções dos empresários para aquele negócio. Um business plan ideal deve ser composto por um documento escrito, contando com uma descrição detalhada do negócio, do mercado, estratégias empresariais adotadas, e informações financeiras do projeto. Concomitante com este documento, o plano de negócios deverá apresentar uma parte com planilhas eletrônicas onde serão apresentadas as projeções de receitas, investimentos, orçamentos, usos e fontes, impostos, depreciação, fluxo de caixa e demonstrativo de resultados (DRE). A quantidade de anos a serem projetados varia de acordo com o segmento de atuação da empresa. Normalmente, utiliza-se a quantidade de 3 a 5 anos. Ao final do desenvolvimento das planilhas, o business plan deverá apresentar o retorno no investimento oferecido (ROI), o valor patrimonial líquido da empresa (VPL), o tempo de retorno do investimento (payback) e o ponto de equilíbrio do negócio. Estes indicadores são fundamentais para a eficácia na busca de investidores no mercado, pois são os indícios que evidenciam uma excelente oportunidade de negócio.
Cumpridas as duas etapas supracitadas, a vontade e a perseverança dos empreendedores em buscar o investimento são os fatores que mais terão influência no resultado da operação. Acreditar no projeto e em suas projeções é fundamental para que se consiga convencer pessoas em suas posições de conforto, de que, apostar neste plano de negócios é uma excelente idéia e será um excepcional investimento.

Felipe Silveira Ramos

Englishvox Ensino de Idiomas S/A

A Gestão Pública em Choque

As micro e pequenas empresas no país representam 99,2% do número de organizações em atividade no Brasil. Este dado evidencia a necessidade do estado e de seus governantes em assegurar que o ambiente de negócios seja o mais propício à geração de trabalho e renda. Entretanto, a carga tributária, que ronda os 36% do PIB e que arrebata a posição de mais elevada do planeta, dificulta toda e qualquer atividade empresarial de se desenvolver com crescimento vigoroso e sustentável.

Como se não bastasse a elevada carga tributária, o Brasil sofre gravemente de obscuridade administrativa somado ainda a uma aparente e imbatível teia de corrupção. Esses fatores afetam diretamente a credibilidade do governo frente à população e a mercados externos, o que diminui o crédito a recursos internacionais. Desta forma, como se sobrepujar frente a estas adversidades? Esta, certamente é uma das principais questões levantadas por empresários em todo o país.

Ainda, frente às deficiências governamentais brasileiras concernentes ao mercado empresarial, a capacidade que uma parcela dos empreendedores brasileiros possui em projetar seus negócios, criando vantagens competitivas sustentáveis, potencializando oportunidades e minimizando ameaças de mercado, é vista como um ato de gestão heróica. E esta habilidade tornou-se fundamental para o sucesso do empresariado nacional. Nesta perspectiva, pode-se dizer que o Brasil é um grande celeiro exportador de talentos administrativos.

Assim, a inegável propriedade de gestão de empresas brasileiras põe em choque toda eficácia do setor público. Então, o que será preciso para promover uma mudança definitiva de formato e atitude da gestão pública? Este é o maior desafio a ser enfrentado para que se consiga instituir mudanças estruturais no governo que promovam o verdadeiro alinhamento dos interesses entre o setor público e privado.

* Empresário, Diretor de Planejamento da Fajers e Conselheiro de Políticas Públicas de Juventude do RS
Felipe Silveira Ramos
Englishvox Ensino de Idiomas S/A