Empreendedor

Comunicação, Tecnologia e Inovação

terça-feira, dezembro 13, 2005

A importância de uma boa Análise Estratégica

Apesar do que se poderá pensar, a análise estratégica do mercado tem grande importância para o futuro de um projecto e constitui um dos pilares fundamentais para que o empreededorismo seja realmente empreendedorismo, ou seja, para que se crie realmente valor e não sejamos apenas mais um a fazer o mesmo! Para além disso, pelo nível de conhecimento resultante e pela consequente confiança que traz, é também uma das fases essenciais para que o empreendedor se torne realmente num empreendedor, ou seja, em alguém com iniciativa, conhecimento e determinação para fazer acontecer!

A análise estratégica deverá ser mais do que apenas uma fase. Deverá ser uma fonte privilegiada de: Oportunidades (lacunas, necessidades, problemas, ...); Potencial de mercado; Ideias e inspirações; "Best e Worst practices"; "Know-how" específico (tão importante não só para a "gestão" futura do projecto mas também quando procura "vender" o projecto e conseguir financiamento); Etc...

Já vem dos livros, mas nunca é demais falar das três linhas de actuação chave para uma boa análise:
1. Ser exaustivo na pesquisa mas sintético na sistematização em clusters e conclusões, pois de nada nos vale muita informação se não formos capazes de concluir quais os Factores Críticos de Sucesso do mercado, de agrupar os concorrentes por tipos e por padrões de comportamento e de prever futuras evoluções.

2. Analisar e Pensar "Verticalmente", ou seja, analisar e descrever detalhadamente: categoria em que nos inserimos (quais os mercados que concorrem pela mesma necessidade?qual o custo de oportunidade para o meu cliente?), "targets" e suas necessidades (quais são os vários tipos de publico-alvo que existem? que necessidades não estão a ser satisfeitas ou bem satisfeitas? que target não está a ser atacado?), segmentos específicos (quais são os segmentos existentes nesta categoria?que características têm?) e concorrentes/produtos existentes (quem já está no mercado e o que oferece?).

3. Analisar e Pensar "Lateralmente" ou seja, procurando noutros mercados e categorias, inspirações diferentes para quebrar regras no mercado em que o projecto se insere (podemos inovar e mudar o modelo do nosso projecto reestruturando-o através da utilização de necessidades, utilizações, situações, atributos,... diferentes?).

Mas uma boa análise, só o é, se tiver consequências para o conceito de negócio e para a essência do projecto. Para inspiração destas reflexões recomendam-se também três grandes focos de atenção para retirar da análise as consequências mais úteis para os projectos:

1.Dada a hiper-fragmentação e atomização dos mercados de hoje, não ser diferente faz com que sejamos não mais uma empresa mas sim uma empresa a mais. O desafio é pois, "Pensar Diferente" e criar SEMPRE algo novo e diferenciado. Somente inovando e quebrando paradigmas do que existe no mercado e vimos na nossa análise estratégica, é que realmente conseguiremos criar o nosso espaço.

2.Se ainda assim não tivermos nada de substancialmente novo (porque não é fácil criar novas categorias, segmentos, ...), é obrigatório "Fazer Diferente", o que passa obrigatoriamente por repensar conceitos de negócio, actividades a oferecer e ainda modelos de negócio, mesmo que estejamos a falar de mercados e categorias maduros. Afinal, se não aprendermos com as conclusões do que analisámos e formos capazes de introduzir pelo menos novas perspectivas, não estaremos a avançar.

3.Finalmente, tudo o que repensarmos deve ter claramente "FOCO", isto é, que seja "single minded" e não "tudo-para-todos". Depois de uma análise exaustiva podemos ter a tentação de querer acrescentar muita coisa, com a desculpa de estar a acrescentar valor... É preciso pois ter muito cuidado e procurar que o nosso consumidor/cliente saiba identificar o que vendemos e porque devem consumir-nos/preferir-nos. Se possível resumindo-o apenas numa frase ou mesmo numa palavra!


Se uma análise conseguir desbravar parte do "nevoeiro" que o empreendedor depara, podemos dizer que se trata de uma boa análise estratégica, caso contrário, estaremos a fazer um levantamento de concorrência, que o mais provável é deixar-nos na mesma, ou acrescentar ansiedade à nossa longa noite de empreendedores!

Miguel Muñoz Duarte

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Tipos de Incentivos Financeiros


1. SIME - Incentivos à Modernização Empresarial
A taxa bruta a atribuir varia entre os 25% e 30%, podendo ser acrescida de majorações, desde que não ultrapasse os 50% no caso de PME e 45% nos restantes casos. Os promotores, desde que PME, podem beneficiar de garantia ao abrigo e nas condições previstas no Sistema de Garantia Mútua prestada às instituições financeiras até ao valor de 50% dos empréstimos afectos ao financiamento do projecto; co-intervenção do capital de risco.

2. SIME Internacional
É uma das novas medidas. Apoia a prospecção internacional que visem o contacto directo com a procura final. Dá incentivo não reembolsável à taxa de 40%, até ao máximo de 40 mil euros.

3. SIME I&DT
É a nova versão do SIME Inovação. Apoia actividades de investigação industrial / e ou desenvolvimento pré-concorrencial. Tem incentivo não reembolsáveis até ao limite de um milhão de euros. A taxa de incentivo pode chegar aos 75% em actividades de investigação industrial e 50% nos restantes casos. Candidaturas em regime contínuo, acrescidas de concursos específicos para energias renováveis ou têxtil, calçado e vestuário. Os bancos não intervêm no processo de análise.

4. SIPIE
Sistema de incentivos para projectos até 150 mil euros. É reintroduzido o incentivo não reembolsável, correspondente a 30% das despesas elegíveis, com majoração de 5% para projectos em concelhos deprimidos (PRASD), tal como para jovens empresários ou para trabalhadores oriundos de empresas em reestruturação. Os incentivos não podem exceder os 100 mil euros por promotor.

5. SIED
Apoia a presença das PME na economia digital. O investimento mínimo elegível de 15 mil euros e um máximo de 350 mil euros. O incentivo é não reembolsável à taxa de 35%, com majoração de 5% para regiões PRASD, até ao máximo de 100 mil euros.

6. Unidades de Acompanhamento e Coordenação/URBCOM
Apoia a criação de equipas de gestão para assegurar a continuidade dos projectos de modernização das zonas comerciais. Cobre despesas com elaboração da estratégia de intervenção e salários para membros da equipa (um Gestor do Centro Urbano, um quadro técnico e um assistente administrativo). Os incentivos são não reembolsáveis.

Gilda Sousa

Incentivos financeiros reforçados com garantias

O objectivo é melhorar as condições de financiamento das PME junto da banca.

Os incentivos reembolsáveis vão ser complementados com garantias ou capital de risco. A novidade, aplicável ao SIME, consiste em juntar ao clássico incentivo reembolsável, com prémio de realização, uma garantia para parte do crédito que a empresa tem de contratar junto da banca para financiar o projecto.

Uma solução que "atendeu à degradação do balanço das empresas", segundo o secretário de Estado Castro Guerra. Perante o agravamento da conjuntura económica, "as empresa podem não ter capacidade creditícia, ou tendo, podem ter de suportar condições caríssimas devido ao risco", explica Jaime Andrez, o presidente do IAPMEI. O objectivo é fazer com que a empresa "só responda pelos capitais próprios. Com a garantia mútua, diminui-se o risco e facilita-se o acesso ao crédito, reduzindo também o custo", acrescenta o responsável pelo IAPMEI, entidade que participa como accionista no sistema de garantia mútua e em sociedades de capital de risco.

O recurso às sociedades de garantia mútua era já uma possibilidade para as empresas, mas agora, explica o gestor do PRIME, o processo está facilitado, já que basta apresentar uma candidatura. "Antes, as empresas tinham de abrir uma outra candidatura, sujeitar-se na outro escrutínio", explica Nelson de Souza.

A oferta deste pacote integrado de incentivos vem numa altura em que a banca começa a apertar a concessão de crédito a PME, na sequência da aplicação do acordo de Basileia II, sublinha Jaime Andrez. Também por isso, o responsável admite a intenção de avançar com uma nova operação de titularização de créditos sobre PME detidos pela banca.

Esta nova operação de titularização completará uma primeira, realizada no início do ano, com o BPI, envolvendo cerca de 500 milhões de euros em créditos. Segundo Jaime Andrez, o modelo base será o mesmo, mas o objectivo é focalizar a operação nos "créditos qualificados", ou seja os associados a projectos de investimento apoiados no âmbito do PRIME. Outra das novidades é envolver vários bancos. "A operação do BPI foi muito aberta", afirmam os responsáveis.

Além do mérito imediato, as alterações introduzidas têm um outro objectivo. Entende, Nelson de Souza que é preciso "treinar as empresas para a utilização deste mecanismo - garantias, capital de risco - não como complementar, mas se calhar, no futuro, como principal". "As empresas têm de ser educadas a ir ao mercado", acrescenta o presidente do IAPMEI.

Observações que têm já em conta a eventual redução de fundos comunitários.
"A garantia consome poucos recursos", explica Castro Guerra, referindo-se em concreto à Região de Lisboa e Vale do Tejo, "no limite quando estos fundos acabarem restam os instrumentos de crédito".


Gilda Sousa